O conflito central deste livro se dá entre dois estilos de vida opostos. O primeiro, representado por Ricardo, de uma vida planejada e “certinha”. O segundo, representado pela “menina má”, é de uma vida que segue a corrente de acontecimentos e aventuras. Não se sabe se a paixão de Ricardo é pela menina má ou pelo tipo de vida que ela representa. Mas outros conflitos surgem daí, como entre a moralidade e a imoralidade, ou talvez, amoralidade. Também é evidente o conflito entre o rico e o pobre, entre o poderoso e o oprimido.
Porém, nem Ricardo nem a menina má afastam-se de suas características profundamente humanas, reveladas com precisão na narrativa de Mário Vargas Llosa.
Ricardo, apesar da sua vida pacata, não deixa de constatar que “na vida raramente as coisas acontecem como planejamos”. A menina má – que insistimos em chamar pelo apelido, porque ela tem vários nomes – descobre que, ao escolher viver intensamente, não iria experimentar apenas o lado bom da vida.
O cenário da história são os acontecimentos da década de 70 na América Latina e o exílio de intelectuais na Europa, experiências vivenciadas pelo autor, o que traz bastante realismo à trama.
Travessuras da menina má, Mário Vargas Llosa, Ed. Objetiva, 2006.
Cogitamundo 